quarta-feira, 26 de maio de 2010

Band Of Horses - Infinite Arms (2010)


Infinte Arms foi lançado no início deste mês e, ao contrário da crítica amena e das baixas pontuações no ranking de sites conceituados, se revelou um álbum forte, marcante e contagioso. A terceira bolacha da banda dos cavalos foi, numa interpretação não muito profunda, inspirada lá pelos lados do sul do Texas, Estados Unidos, numa cidade interiorana conhecida como Laredo. No Site Oficial do grupo você encontra imagens e fotos dessa incursão que tanto os influenciou.

O universo explorado é bem este: vaqueiros na lida diária com o gado, paisagens selvagens e intocadas, neve, animais, céu azul ou boreal e vida simples de pessoas simples que comumente convivem em paz com a bela natureza que os cerca.

A Band Of Horses é conhecida tanto pela sua pegada rock (com um pé no alt.country) quanto pela poeticidade de suas letras, sempre apaixonantes e neste novo trabalho não poderia ser diferente. Desde o debut, Everything All The Time, fãs da banda se deliciam com músicas como 'The Funeral' e 'The Great Salt Lake' passando por 'Is There A Ghost' e 'Ode To LRC', petardos conhecidíssimos e adorados. Mas Infinte Arms não deixa ninguém desamparado e conta com um recheio para lá de especial.


'Factory' é a melancólica baladinha que abre o álbum de uma maneira lisérgica e confirma que a banda acerta mais uma vez, devido ao caráter verdadeiramente introdutório desta faixa. Logo depois, a música mais contagiante e agitada do álbum e também single; 'Compliments' - deliciosa. 'Laredo' vem logo a seguir mantendo a pegada da anterior e tornado-se tão boa quanto. É música boa para ouvir durante aquela viagem para o campo, vendo as vacas no pasto, fazendas e montanhas. Depois dela, não espere canções muito agitadas, o bucolismo de agora em diante vai dominar você.

'Blue Beard' é bem isso - lenta e reflexiva chegando, até mesmo logo no começo, a lembrar o Fleet Foxes e suas canções outono/inverno. E se você não consegue tirar 'No One's Gonna Love You', single do álbum anterior Cease To Begin (2007), da cabeça e pedia por um revival então vai adorar saber que a próxima pérola é quase um derivado dela. 'Way Back Home' é, sem dúvida a peça que faltava para prender de vez o ouvinte neste novo trabalho. Apaixonada, sincera e sensível ao extremo, essa açucarada surpresa nos faz lembrar os ecos de outros sucessos do grupo.


'Infinte Arms', a faixa que dá nome ao disco, não carrega grandes mistérios e é bem atmosférica e ambientada com um refrão etéreo. 'Dilly' é animadinha e dançável, um doce! 'Evening Kitchen' é outra composição á la Fleet Foxes e não menos digna de atenção com sua letra triste descarregada com maestria pelos vocais do excêntrico Ben Bridwell. 'Older' tem aquele típico toque saudosista da banda e merece uma concentrada audição.

'Trudy' é um mergulho no coração de Laredo e em suas paragens e dá até para imaginar o fim de tarde chegando e o sol, aquele imenso círculo laranja vivo no céu, prestes a se por. Depois a noite vem e ao redor de uma fogueira festeja-se mais um dia com a audível e indomável 'Northwest Apartment', bateria pulsante e guitarras altas. 'Bartles + James' chega para fechar o álbum, e entre seus vocais sussurrados a Band of Horses se despede do ouvinte, a partir daqui ficamos órfãos a espera do próximo show.


Nota: 8,8

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Motorama – Alps (2010)

Em um post anterior aqui no blog anunciei com grande alegria a existência do Motorama, banda formada na longínqua Rússia. Com influências do post punk e new wave, o grupo conquistou seu espaço e, depois de muita espera, lança seu debut após vários EP's (Bear, Horse, Innocence).

O debut, nomeado Alps, é uma coisa linda de se ouvir! É tímido, é forte, é alegre, é triste... É cativante, acima de tudo. Se você, amigo leitor, aprecia post punk, dream pop, 80's, sons dançantes, letras sensíveis e clima glacial, então você irá cultuar Motorama.


Nota: 10,0

Baixe Alps gratuitamente no Myspace dos caras
http://www.myspace.com/motoramapage

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Wolf Parade - Expo 86 (2010)

Para começo de assunto, vamos às origens. Wolf Parade é uma banda de indie-rock e dance-punk formada em 2003, oriunda de Montreal-Canadá. Seus integrantres compõem um caldeirão de estilos - são ou foram de diferentes bandas, como Sunset Rubdown, Swan Lake, Frog Eyes, Handsome Furs, Hot Hot Heat, entre outros. Já deu para ver porque o som do Wolf Parade é tão louco, insano e nada convencional, não é mesmo?

Após os elogiados
Apologies To The Queen Mary (2005) e At Mount Zoomer (2008), a banda aposta agora em mais peso e na presença avassaladora dos sintetizadores, tão explorados nesta nossa época quase à exaustão. Mas não fica a desejar. O álbum é bem maduro, as composições são calculadas milimetricamente e pode-se notar que a intenção, de fato, é fazer com que cada faixa "grude" na mente do ouvinte.


"What Did My Lover Say (It Always Had To Go This Way)" é uma das melhores do álbum sem choradeira. É poderosa, incansável e dona de um refrão poderoso unido aos desesperados e intensos vocais de Spencer Krug. O vocalista, aliás, se referiu ao álbum como "um pouco diferente e mais enérgico" que os dois anteriores, com uma sonoridade densa dando a impressão de que a banda está tocando ao vivo. Deu certo.
Logo mais a frente nos deparamos com "Ghost Pressure" e daí percebemos que só por essa música o álbum nos ganha e somos fisgados pela vibração espontânea e pegada forte dessa faixa. É como se uma onda nos atingisse em cheio, descendo por nossas entranhas, obrigando-nos a mexer cada partícula do corpo. Camadas e camadas de sintetizadores confirmam isso. Dj's de todo planeta, uni-vos sobre esse tesourinho sonoro. "Pobody's Nerfect" e "Cave-o-sapien" são como dois veículos sem direção prestes a colidirem sem deixar o ouvinte fazer aquela famosa 'pausa para respirar'.



As diversas influências não param por aí. "Cloud Shadow on the Mountain", por exemplo, tem um clima arrastado e certa ambientação sufocante e elétrica; a bateria marcial e guitarra chiando ao fundo é digna do post-punk revival, indo depois descambar no dance-punk explosivo, bem no final.

Definir um trabalho, ou melhor, uma obra do
Wolf Parade não é tarefa fácil e com Expo 86 não poderia ser diferente. É um álbum difícil, marcante e hipnótico que por mais que seja testado não fornece pistas nem caminhos seguros. Talvez seja esse mesmo o propósito do grupo; não tomar nem uma direção nem outra. O que se pode afirmar com certa facilidade é que este novo disco tem grandes possibilidades de figurar entre os melhores do ano e não é preciso ir muito longe para perceber isso. Basta mergulhar nessa exótica e irresistível exposição de talentos multifacetados.



Nota: 8,0