sexta-feira, 14 de maio de 2010

Wolf Parade - Expo 86 (2010)

Para começo de assunto, vamos às origens. Wolf Parade é uma banda de indie-rock e dance-punk formada em 2003, oriunda de Montreal-Canadá. Seus integrantres compõem um caldeirão de estilos - são ou foram de diferentes bandas, como Sunset Rubdown, Swan Lake, Frog Eyes, Handsome Furs, Hot Hot Heat, entre outros. Já deu para ver porque o som do Wolf Parade é tão louco, insano e nada convencional, não é mesmo?

Após os elogiados
Apologies To The Queen Mary (2005) e At Mount Zoomer (2008), a banda aposta agora em mais peso e na presença avassaladora dos sintetizadores, tão explorados nesta nossa época quase à exaustão. Mas não fica a desejar. O álbum é bem maduro, as composições são calculadas milimetricamente e pode-se notar que a intenção, de fato, é fazer com que cada faixa "grude" na mente do ouvinte.


"What Did My Lover Say (It Always Had To Go This Way)" é uma das melhores do álbum sem choradeira. É poderosa, incansável e dona de um refrão poderoso unido aos desesperados e intensos vocais de Spencer Krug. O vocalista, aliás, se referiu ao álbum como "um pouco diferente e mais enérgico" que os dois anteriores, com uma sonoridade densa dando a impressão de que a banda está tocando ao vivo. Deu certo.
Logo mais a frente nos deparamos com "Ghost Pressure" e daí percebemos que só por essa música o álbum nos ganha e somos fisgados pela vibração espontânea e pegada forte dessa faixa. É como se uma onda nos atingisse em cheio, descendo por nossas entranhas, obrigando-nos a mexer cada partícula do corpo. Camadas e camadas de sintetizadores confirmam isso. Dj's de todo planeta, uni-vos sobre esse tesourinho sonoro. "Pobody's Nerfect" e "Cave-o-sapien" são como dois veículos sem direção prestes a colidirem sem deixar o ouvinte fazer aquela famosa 'pausa para respirar'.



As diversas influências não param por aí. "Cloud Shadow on the Mountain", por exemplo, tem um clima arrastado e certa ambientação sufocante e elétrica; a bateria marcial e guitarra chiando ao fundo é digna do post-punk revival, indo depois descambar no dance-punk explosivo, bem no final.

Definir um trabalho, ou melhor, uma obra do
Wolf Parade não é tarefa fácil e com Expo 86 não poderia ser diferente. É um álbum difícil, marcante e hipnótico que por mais que seja testado não fornece pistas nem caminhos seguros. Talvez seja esse mesmo o propósito do grupo; não tomar nem uma direção nem outra. O que se pode afirmar com certa facilidade é que este novo disco tem grandes possibilidades de figurar entre os melhores do ano e não é preciso ir muito longe para perceber isso. Basta mergulhar nessa exótica e irresistível exposição de talentos multifacetados.



Nota: 8,0

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