sexta-feira, 22 de outubro de 2010

The Fresh & Onlys - Play It Strange (2010)


Ao longo de poucos anos, San Francisco tem dado origem a uma nova cena de bandas pop-garagem empurrando o proto punk de 1960 em diferentes direções.  E depois há o Fresh & Onlys, que parece apaixonado pela época em que o rock de garagem e o rock-folk parecem ter se encontrado. Os caras da banda não são revivalistas, exatamente, mas eles são artistas nostálgicos. E na sua exuberante e cuidadosa  orquestração, ouvimos dimensões de qualquer número de momentos pop históricos.
Desde sua formação, há alguns anos, a banda tem mantido um fluxo constante de 7" e cassetes, sendo que Play It Strange é o seu terceiro LP, em tantos anos. Mas neste trabalho,  eles começam a puxar todas as idéias anteriores para um foco mais fácil de digerir. Para a primeira vez, eles deixaram os limites de seu estúdio, e agora eles estão trabalhando com as reais expectativas de uma banda - sem que você tenha que forçar seus ouvidos para ouvi-los.

Mesmo em sua maioria simples, o Fresh & Onlys ainda encontrar espaço de sobra para brincar nas margens de suas canções. "I'm All Shook Up" tem batidas meio New Order ou The Mary Onettes, mas os órgãos e sopros graves e profundos na mistura, adicionam os acentos melódicos para a batida. "Who Needs A Man" é uma corrida pantanosa que termina antes que você perceba, mas as sombras fantasmagóricas da exotica guitarra emana uma vibe surf que consegue manter as coisas inquietas. E depois "Tropical Island Suite" despeja todos os ares de um tempo perdido num abismo de ecos reverberantes para disparar em quase oito minutos de grandeza. Uma linha reta e simplista se dissolve em meio ao ruído abafado para, em seguida, retornar em marcha lenta. É como se a banda não conseguisse decidir qual o caminho para tocar a música, então eles optaram por todos os caminhos.
O cantor Tim Cohen tem uma voz plana, sem afeto, nem de longe tão expressiva como os seus pares com Christopher Owens ou Sonny Smith. Mas esse barítono funciona muito bem no meio da mistura, e é divertido ouvi-lo soar cansado de ser um jogador em "I'm A Theif" ou tentando fugir da sobrecarga de informação sobre a idade na nostálgica "Waterfall". Em "Be My Hooker", a letra não deixa esconder o processo saudosista que impera sobre a banda: "Eu posso ouvir o mar me chamando, mas eu não sei, eu não sei". Eles mantém concisos os temas que abordam, e todo o álbum conclui-se bem antes da marca dos 40 minutos. Que este grupo continue a escavar em vales férteis como tem feito até então, ainda por muito, muito tempo futuro adiante.
Nota: 9,2


2 comentários:

  1. estou encantada com esses caras. dificil eu gostar de verdade de alguma coisa.
    E tbm queria dizer que adoraria que seu proximo texto fosse sobre bear hands. se é que nosso gosto é mesmo similar... Abraço.

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  2. Hum, obrigado pelo comentário. Os the Fresh & Onlys são fantásticos mesmo, me fazem viajar por diferentes dimensões de minha vida. Quanto ao Bear Hands, eu realmente não os conheço, mas vou procurar me informar e quem sabe não publico algo sobre eles. Abço

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