segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Hurts - Happiness (2010)





Dentre todas as surpresas dançantes, pegajosas, monocromáticas e "cool" deste ano, o duo britânico formado porTheo Hutchcraft eAdam Anderson, mais conhecido como Hurts, foi de longe o destaque da minha playlist. Os sofisticados rapazes são responsáveis por uma sonoridadeeletrônica típica dosanos 80.

Desde já, os caras foram considerados pela BBC como "som próspero" para 2010. O estilo musical da dupla carrega referências dos anos 80, comoTears For FearsDepeche Mode e também Pet Shop Boys – tecladinho eletrônico retrô e letras emocionalmente sinceras. Não espere ver dois caras agitados ou visualmente coloridos no palco; ternos e expressões blasé são tudo o que você irá encontrar no Hurts. A sonoridade não me deixa mentir. É dançante? É. É para se acabar na dancefloor? Talvez. Há casos e casos.

O esperado (pelo menos por mim) álbum de estreia batizado 
Happiness, traduz ao ouvinte um sentimento de prazer e felicidade comedida, como indica o título. Para um debut, o álbum não faz feio e logo de cara traz ótimas músicas. É o caso de "Silver Lining", sempre num ritmo crescente - marchando quase ruidosa até estourar o lindo refrão. Logo em seguida a esgotada "Wonderful Life", que já caiu há tempos no gosto dos moderninhos de plantão e foi lançada num EP de remixes... é a mais dançante do álbum e seria boa se não tivéssemos enjoado de tanto escutá-la.

"Blood, Tears & Gold" é épica e desde o ínicio pode-se perceber o tom transcendental que ela ecoa - para ouvir no repeat até cansar. "Sunday" é climática do começo ao fim (entenda isso como desejar). "Stay" é a multi-instrumental do disco; tem coral feminino, piano, e até saxofone. "Illuminated" segue a linha épica de "Blood, Tears & Gold" e é um destaque do disco. " Evelyn" é bem lacônica... quem será Evelyn?




"Better Than Love" é o segundo single do álbum e foi lançada num EP com a maravilhosa "Mother Nature", sua b-side. "Devotion" conta com a participação da cantora pop Kylie Minogue e não poderia deixar de se tornar uma baladinha daquelas para tocar nas rádios. "Unspoken" também faz o estilo balada melancólica da faixa anterior e é uma das melhores faixas do disco, que encerra o setlist com a maravilhosa "The Water", na minha opinião, a melhor música do Hurts - é o que dizem, o melhor sempre fica para o final e não posso deixar de dizer que me surpreendi muito com o tom contemplativo dessa triste canção. E não se esqueça da faixa escondida do álbum, "Verona" - uma cancioneta boêmia que passa a impressão de que o Hurts chamou alguns amigos e cairam na noite bêbados cantando aos coros: "Verona, Verona, Verona!"

Hurts ainda é apenas uma aposta como tantos outros foram um dia. Se irão se consolidar, só o tempo dirá. Porém, a inegável qualidade presente nas letras, arranjos e inspirações fashion surpreendem, não só pela magnitude de seus responsáveis, mas também pela ótima fase que vivenciamos da música eletrônica calcada nas bases da época oitentista onde de tudo fez-se um pouco. Então, façam suas apostas e não se preocupem: dessa ninguém sairá ferido.

Nota: 7,0

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