Transitando entre vocais aveludados e sensuais até momentos de pura euforia, a banda conseguiu muitos elogios com o debut Some Are Lakes e, particularmente, a faixa-título desse primeiro álbum é a minha canção favorita deles, e também a mais bela.
Transcorridos dois anos desde o trabalho anterior, o grupo canadense retorna à ativa comCloak and Cipher, talvez mais equilibrado e maduro. Muito do que se ouviu em Some Are Lakespermanece, mas de forma mais contida e melhor projetada. Confesso que não sou lá muito fã de vocais femininos, mas admito que não tem como escapar da autenticidade e talento de Elizabeth.
A bolacha inicia com a faixa-título "Cloak and Cipher": acústica, bateria ritmada, vocais quase sussurrados - é a introdução para o que se pode esperar daqui para frente; melodias trabalhadas e letras sinceras e cativantes. "Goaltime Exposure" é o que se poderia chamar de uma balada apaixonante com seus momentos de altos e baixos com vocais descompassados no estilo autêntico e sensual de Elizabeth; para ouvir no quarto e se perder em pensamentos. "Quarry Hymns" é a agitadinha do disco e quebra um galho para danças preguiçosas.
"Swift Coin" flerta com o shoegaze e o noise meio My Blood Valentine e um Sleigh Bells desacelerado. "Color Me Badd" faz a linha Florence and the Machine com ritmo e refrão enérgicos. "The Hate I Won't Commit" é arrastada e mantém o estilonoise/shoegaze/lo-fi. "Hamburg, Noon" é um híbrido da guitarra e vocais quase etéreos de Elizabeth levados pela bateria dominadora de Andrew Barr; talvez seja a faixa onde a banda se mostra mais unida e concisa. "Playita" é a baladinha romântica que sempre poderemos esperar nos trabalhos do Land of Talk, mas sem aquela ingenuidade das bandas pop românticas. A bolacha termina com a reflexiva "Better and Closer" com seus dedilhados de violão num clima acústico e atmosfera de sonho com os famosos sussurros da vocalista.
O Land of Talk é uma banda que nasceu pronta e que fascina justamente por estar pronta mas não soar perfeita demais ou plástica demais. Nada é moldado ou segue uma receita. É apenas intuição feminina e bons profissionais envolvidos num projeto que já em seu segundo trabalho supera expectativas e traz mais qualidade às nossas audições sedentas por boas canções. Não deixe passar!
Nota: 8,9
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